14 de novembro de 2007

Falando Grego

(Esse conto eu fiz na aula de redação com minha colega Sarah. Quero esclarecer que não há nenhum preconceito com homossexuais de nossa parte, é apenas uma sátira.)

Na grécia antiga, distane do Olimpo, Cícero e romeu estavam conversando quando viram Lúcio e Capítula andando de mãos dadas.
"O que é aquilo, Cícero?"
"Você não sabe? Você não sabe sobre o Lúcio?"
"Não, não sei. Me conte."
"Tudo bem, mas não conte a ninguém. Ele é HETEROSSEXUAL!"
"Meu Deus! Que babado!"
Lúcio e Capítula se aproximam, escutam tudo e cinicamente cumprimentam.
"OI GENTÊ!" (grita Lúcio tentando parecer mais gay)
"Não adianta disfarçar, Lúcio, nós já descobrimos tudo, seu traidor!" (disse Cícero raivoso(a))
"É isso mesmo! Você sai com sua mulher, em lugar público e ainda quer posas de Afrodite? Esposa foi feita pra ter filhos e cuidar do lar e não para sair de casa para passear, não é a toa que nem votar elas podem, não são gente!" (grita Romeu)
"Cadê Nerinho, seu amado?" (indaga Cícero)
"Ele o abandonou por mim!" (disse Capítula orgulhosa)
"Meu Zeus, ela fala! Me abana! Abana! Abana! Abana!"
"Falo mesmo! Ele agora é hetero com muito orgulho."
"Eu sempre tive vontade de me assumir, mas nunca tive coragem, agora por Capítula eu tenho, e a sociedade vai ter que me aceitar, sem repreensão,. Hetero também é gente!"
"Então não fal mais com a gente, vai estragar nossa reputação, vamos Romeu!"
O casal foi embora discutindo. E por causa da coragem de Lúcio ao assumir sua sexualidade e amor por Capítula, a sociedade grega deixou de ser bissexual (gay), passou a ser hetero e as mulheres conquistaram seu lugar na sociedade.

Sabotando a Felicidade

Em uma pacata vila, distante das metrópoles, viviam vinte e poucas pessoas em algumas casas em uma única rua. Não havia prédios, nem asfalto e nem comércio sofisticado, havia apenas uma lojinha da Tia Josephine que abusava nos preços de seus bibelôs, cereais, ferramentas e pantufas felpudas cor caramelo. Uma única capela em sinal da religião no final da rua. Não havia prefeitura, correio nem cadeia, pois em um lugar tão pequeno não precisava impor leis, mandar cartas e muito menos havia motivos para cometer crimes.
Dona Mercês, irmã de Dona Domingas e Tia Josephine, tinha duas filhas, irmãs gêmeas. Sua situação financeira não era das melhores, para dizer a verdade eram paupérrimas. Desde que seu marido foi pra guerra deixando-as sozinhas, elas não tinham dinheiro, pois nenhuma delas trabalhava.
As irmãs gêmeas eram inseparáveis, Vestiam-se com os mesmo vestidos, velhos e encardidos e já quase todos desbotados, do mesmo jeito que encontrava-se a casa delas, velha, podre e desbotada.
Um dia, muito quente por sinal, chegou um homem na lojinha vendendo frutas, verduras e legumes muito vistosos para Tia Josephine e viu as duas meninas chupando um picolé laranja, deveria ser um dos famosos picolés de acerola e laranjinha da lojinha de Tia Josephine.
O velho senhor verdureiro se encantou demais com as duas meninas e então resolveu dar algumas maçãs para levarem para casa.
Quando anoiteceu o homem bateu na porta de Dona Mercês.
“Posso entrar?”
“Claro! Sim senhor! Entre por aqui!”
“Muito gentil a senhora!”
“Mas o que o senhor quer? Meninas, subam para o quarto, esse vai ser um assunto de adulto.” (As três estavam ouvindo um CD de Bach, uma das únicas heranças que o pai delas havia deixado)
“De fato vai ser um assunto de adulto.” Ele interrompeu a fala esperando as irmãs subirem a escada, quando ele não podia mais vê-las continuou a falar com Dona Mercês.
Enquanto isso no quarto da meninas:
“Fiona eu tenho medo! Quem é esse moço? O que ele quer?”
“Calma! Segure a Francisquinha!” Fiona deu uma boneca de porcelana barata para sua irmã que logo apertou-a.
Passado algum tempo, Dona Mercês chamou as meninas para comunica-las algo importante.
“Este é o Senhor Fausto e vai fazer uma coisa muito importante para nós! Isadora, vá arrumar sua malinha querida, você vai viajar pra ajudar a mamãe!”
“Mamãe, eu também quero ir!” Disse Fiona.
“Mas a mamãe tem que ficar com uma, querida!” uma lágrima escorreu de seus olhos nesse momento. “Depois a Isadora vai voltar!”
Assim, o homem levou Isadora e deu uma boa quantia em dinheiro a Dona Mercês.
Passado alguns meses Fiona ainda com 6 anos perguntou à sua mãe:
“Mamãe, Isadora não vai voltar?”
“Isadora, filinha, era uma amiguinha imaginária sua que foi pra longe!”
“Ah ‘tá’!”
Dona Mercês morreu tempos depois, talvez tenha sido de desgosto ou de arrependimento, mas fato é que deixou Fiona para ser cuidada por Tia Josephine.
Arthur, que vivia na casa em frente era um pouco mais velho que ela na época e foi logo quando sua mãe o havia deixado.
Fiona como uma criança curiosa, um dia perguntou a ele:
“O que você guardou de sua mamãe quando ela se foi, assim como a minha? Eu guardei uma presilha em forma de coelhinho da minha.”
“Eu tenho um viveiro, viveiro de aranhas!”

28 de outubro de 2007

A menina da capital

Em uma pacata vila, distante das metrópoles, viviam vinte e poucas pessoas em algumas casas em uma única rua. Não havia prédios, nem asfalto e nem comércio sofisticado, havia apenas uma lojinha da Tia Josephine que abusava nos preços de seus bibelôs, cereais, ferramentas e pantufas felpudas cor caramelo. Uma única capela em sinal da religião no final da rua. Não havia prefeitura, correio nem cadeia, pois em um lugar tão pequeno não precisava impor leis, mandar cartas e muito menos havia motivos para cometer crimes.
Era um sábado ensolarado quando o carro de aluguel chegou na vila, o que despertou a curiosidade dos moradores. Até o padre queria conhecer o forasteiro. Na verdade eles viram que não se tratava de um forasteiro, mas sim uma forasteira, linda, alta, magra, cintura fina, quadril largo, seios fartos, boca carnuda, ruiva com sardinhas e olhos verdes, a mais perfeita das criaturas.
Até o padre, um homem de Deus, “livre” de pecados sentiu um desejo pela visitante, viu que algo acontecia por baixo de sua batina quando encontrava com a moça.
Várias malas foram retiradas do carro e levadas para a casa que ficava ao lado da de Dona Domingas.
Pouco a pouco, a jovem fez amizade com todos da vila, seu nome era Jasmine. Foi parar lá devido a tuberculose, precisava de um ar puro e como não havia campo ali por perto da metrópole teve que ir para a pacata vila.
Uma coisa que chamava a atenção dos outros moradores era o pequeno criadouro que ela trouxe. Ninguém sabia o que era e a curiosidade já estava se tornando mórbida.
Um dia, saindo da lojinha, Jasmine dá uma trombada em um rapaz elegante, parecia ser boêmio, tinha os dentes brancos, era claro, parecia-se como um modelo.
“Perdoe-me, mas uma jovem tão bela não deveria freqüentar um lugar mequetrefe como esse.”
“Não sou tão jovem assim como o senhor pensa.”
“Melhor ainda, mostra que a senhorita é amiga do tempo que não a deixa envelhecer.”
Jasmine ficou com as bochechas coradas diante a tantos elogios.
“O senhor também é muito bonito!”
“Queira me desculpar, mas não me chame de senhor, não sou tão velho assim, me chame de Mathias.”
“Sou Jasmine, prazer.”
“Eu já sei, foi comentário da vila durante semanas, o prazer é todo meu.” Respondeu beijando as mãos alvas da moça.
“Eu ainda não tinha te visto. Você realmente estava aqui na vila nesses últimos dias?”
“Não é por que você não pode me ver que eu não existo. A senhorita não vê o ar, mas sabe que ele existe.”
“Tem razão. Agora me deixe ir, porque tenho pressa.”
“Tudo bem! Um dia nos encontramos novamente?”
“Sim claro. Moro nessa casa branca aqui em frente.”
“Quando menos esperar eu aparecerei lá.”
“Tudo bem.” Jasmine virou-se e foi em direção a sua casa.
Na mesma noite na casa de Jasmine, Mathias bate a porta e ela o recebe.
“Estava te esperando!” diz ela sorridente.
Passaram-se algumas horas até que eles terminaram de beber a garrafa de vinho. Meio bêbada, subiu com ele em direção ao quarto dela.
Na manhã seguinte ela acordou meio confusa na cama e viu que estava nua, foi quando olhou as horas e viu que já era quase hora do almoço. Já que não tinha preparado nada para comer, resolveu fazer um lanche na lojinha.
Quando saiu de casa reparou que todos estavam comentando algo sobre ela, mas achou normal, já que ela foi motivo de fofocas durante dias e então entrou na lojinha.
“Tia Josephine eu queria um sanduíche com um refresco.!”
“Como pôde, menina?”
“O que?”
“Deixar se levar pela lábia do Miguel? Uma jovem da capital não deveria ser tão tola?”
“Miguel? Quem é Miguel?”
“O rapaz que você conversou ontem aqui em frente.”
“Mas ele se chama Mathias!”
“Mathias, Rafael, Hans... são vários os nomes que ele usa pra enganar as moças. Ele é experiente, vem da metrópole e de vez em quando engana as moças da região. Torça pra não estar de barriga como Madalena. Ela descobriu que estava grávida e se enforcou.”
“Filho da puta!”
“Agora não adianta chorar!”
Dez anos se passaram...
“Filho, pegue essa tinta verde e pinte a parede para a mãe!” gritou Jasmine ao seu filho que agora tinha pouco mais que 9 anos.
Ela tinha perdido o interesse pela vida, ficou amargurada, não se cuidava mais, o tempo agora tinha se tornado seu inimigo. Um dia, se olhando no espelho e vendo essa nova velha pessoa, resolveu mudar, juntou suas coisa em uma única mala e partiu.
Ninguém sabe pra onde ela foi, só se sabe que deixou seu filho para trás.

27 de outubro de 2007

Amém

Em uma pacata vila, distante das metrópoles, viviam vinte e poucas pessoas em algumas casas em uma única rua. Não havia prédios, nem asfalto e nem comércio sofisticado, havia apenas uma lojinha da Tia Josephine que abusava nos preços de seus bibelôs, cereais, ferramentas e pantufas felpudas cor caramelo. Uma única capela em sinal da religião no final da rua. Não havia prefeitura, correio nem cadeia, pois em um lugar tão pequeno não precisava impor leis, mandar cartas e muito menos havia motivos para cometer crimes.
Na igrejinha vivia somente o Padre Divino de Jesus que acordava antes que o galo de Dona Domingas cantasse pelas manhãs. Preparava o altar todos os dias com algumas flores artificiais que eram vendidas na lojinha, uma das poucas coisas que ele pôde comprar lá, já que o dízimo dos fiéis ficava cada vez mais pobre.
Fazia uma caminhada todo dia ao redor da vila, enquanto rezava o rosário. Foi numa dessas caminhas matinais que o padre encontrou com Dona Domingas abarrotada de frutas e verduras em uma cesta de palha.
“Mas onde a senhora, conseguiu tais alimentos tão vistosos?”
“Não posso dizer, é segredo.”
“Ora, mas sou o padre, pode me confessar, sou um túmulo!”
“Não estamos na igreja e muito menos na hora da confissão comunitária, por isso não vou contar, quem sabe na próxima.”
“Mas a senhora nunca vai à igreja, a senhora é atéia!”
“Com a glória de Deus! Desculpe-me, mas religião não é comigo. Minha mãe queria...”
“... que a senhora fosse freira, internou-a em um convento e só te deixou sair com a maioridade. Eu e o resto da vila já sabemos dessa sua história.”
“Isso mesmo! Por culpa de minha santa mãe, que está no céu, eu tomei trauma de religião!”
“Tudo bem Dona Domingas, pode continuar indo a onde estava.”
“Já vou seu padre. Sua benção!”
“Deus te abençoe!”
“Amém!”
Depois do encontro, passaram-se vários dias até que o padre encontrou com Dona Domingas novamente.
“Novamente com alimentos tão vistosos na mesma cesta de palha, Dona Domingas?”
“É seu padre, o senhor não está vendo não?”
“Estou minha senhora, mas é porque a dúvida ainda me assola. Onde a senhora consegue esses belíssimos alimentos?”
“Não posso contar. Quer dizer, eu não posso contar de onde vieram, mas posso contar para onde vão.”
“Ah é?!”
“É! Estou levando-os para aquela mocinha da casa rosa, ela é uma cozinheira de mão cheia.”
“Ah é?!”
“É! Ela tem mãos de fada, Deus foi generoso com ela, deu um talento e tanto. Mas eu acho que ela está preparando comida pro rapaz do chapéu panamá. Coitado, ele ficou tantã depois que a mãe o abandonou, ela está ajudando ele nas refeições.”
“A caridade é um bem precioso que Deus deu aos homens para promover o bem!”
“Isso mesmo! Então... eu já vou. Sua benção!”
“Deus te abençoe!”
“Amém!”
Passado um mês após o último encontro matinal de Dona Domingas e o Padre Divino de Jesus, ela foi correndo até a igreja, bateu na porta desesperadamente.
“Padre! Padre!”
O padre atendeu-a através da janelinha da porta velha de madeira.
“O senhor já leu o bilhete seu padre?”
“Não. Que bilhete?”
“Do jovem da casa verde! E o jornal da metrópole, o senhor já leu?”
“Ainda não Dona Domingas.”
“Coitada da minha menina!”
“Porque, o que houve?”
“Leia a manchete!” Dona Domingas entregou ao padre o jornal que estava embaixo de seu braço.

“Coitada mesmo, vou rezar um terço para que sua alma não fique perdida nas trevas.”
“Amém!”

24 de outubro de 2007

Conto de farsas

Em uma pacata vila, distante das metrópoles, viviam vinte e poucas pessoas em algumas casas em uma única rua. Não havia prédios, nem asfalto e nem comércio sofisticado, havia apenas uma lojinha da Tia Josephine que abusava nos preços de seus bibelôs, cereais, ferramentas e pantufas felpudas cor caramelo. Uma única capela em sinal da religião no final da rua. Não havia prefeitura, correio nem cadeia, pois em um lugar tão pequeno não precisava impor leis, mandar cartas e muito menos havia motivos para cometer crimes.
Na casa verde, ao lado da lojinha, morava Arthur, um jovem de vinte e poucos anos, alto, claro e muito magro. Andava sempre com seu encardido chapéu panamá e isso reforçava ainda mais a impressão de jovem misterioso que causava às pessoas. Passava mais tempo em seu porão do que na rua ou até mais do que passava em sua “casa”.
Do outro lado da rua morava Fiona Escarlate que vivia em uma casa cor-de-rosa-bebê decorada com coelhos brancos onde, na varanda, tinha muitos bebedouros para beija-flores. A casa de Fiona mostrava sua personalidade, uma jovem romântica, sensível e sentimentalista, vivia usando vestidos de bolinhas e/ou florzinhas multicoloridas e prendia seu cabelo com alguma presilha em forma de coelho, que fazia parte de sua coleção de presilhas em forma de coelho.
Esses dois personagens fariam parte de um conto sem final feliz e nada agradável.

Em um dia chuvoso, Fiona voltava da lojinha com um pacote de farinha de trigo e uma compota de geléia de ameixa e horas depois estava na soleira da casa verde segurando um apetitoso bolo de ameixa em uma das mãos e usava uma capa de chuva vermelha. Arthur abriu a porta com a cara amassada, pois ainda eram 8 horas da manhã e ofereceu Fiona a entrar que logo tirou sua capa de chuva.
“Trouxe esse bolo pra você, como café da manhã, está a fim?”
“Lógico, não agüento mais comer pão seco e tomar café frio.”
“Ué, você come pão seco? Porque não passa manteiga?”
“As facas.”
“Facas? O que tem as facas?”
“Para abrir o pão preciso usar facas e uma delas pode acidentalmente cortar meu pulso, vou ter uma hemorragia e morrer.”
“Nossa que horror! E porque toma café frio?”
“Por causa do fogão. Eu não uso fogão, o gás pode fazer com que ocorra uma explosão e voar tudo para o alto. É por isso que não uso o fogão e tenho que me contentar com pratos frios, como a sopa de feijão frio todos os dias no almoço e no jantar.”
“Credo! Eu não comeria sopa de feijão frio nunca!”
“Então tente comer algo que não use o fogão para esquentar.”
“Eu comeria bolachas!”
“Bolachas podem passar para a laringe e bloquear a entrada do ar, fazendo com que engasgue e morra por falta de ar.”
“Eu nunca tinha visto por esse ângulo.” Disse Fiona franzindo a testa “Já sei! Farei seu almoço e seu jantar todos os dias e virei para te acompanhar.”
“Tudo bem.” Disse Arthur indiferente “Venha hoje trazer meu almoço às doze horas em ponto e não se atrase, pois posso ficar esperando e morrer de fome.”
“O.K.!” disse Fiona, feliz em servir seu amor secreto desde a infância, desde quando a mãe de Arthur vivia com ele e não tinha o abandonado ainda e este brincava na rua com as outras crianças da vila “estarei prontamente aqui ao meio-dia com um prato que não seja feito de feijões frios.”
Alguns dias se passaram até Fiona criar coragem de indagar Arthur “Por que você tem medo de tudo? Medo dos objetos mais simples, sendo que você os tem. Então porque você convive com eles?”
Ele continuou em silêncio comendo seu cozido de frango e não a respondeu e ela compreendeu que ele não queria comentar sobre aquele assunto. Então quando acabaram de comer, ele a enxotou como fazia todos os dias.
Passaram-se vários dias e não houve um em que Fiona não fosse. Acabou se tocando que sempre que acabavam de comer, Arthur a enxotava, e ela como uma romântica sentimentalista tola ficava da janela de sua casa observando os passos de seu amado e um dia viu que a luz do porão ficava acesa pernoitando.
Um dia, no almoço, macarrão à putanesca e rosbife, Fiona resolveu se declarar, na expectativa de que Arthur não desconfiasse de nada.
“Posso dar-lhe um beijo?”
“Beijo? Você sabe quantos germes há em um beijo? Nunca beijei e nunca irei beijar, posso ficar doente e morrer com alguma infecção.”
“Que radical você é! Tem medo de tudo, como sobrevive?”
“Sobrevivendo, ora!”
Então Fiona, em um gesto impensado, talvez um reflexo, roubou um beijo de Arthur.
“Eca, você quer me matar?” disse Arthur ao mesmo tempo em que corria ao banheiro e limpava sua boca.
Fiona então aproveitou e desceu ao porão e ficou abismada com o que viu.
“Como uma pessoa que tem medo até de respirar pode ter uma criação de tarântulas?”
“O que faz aí!? Quem lhe deu permissão para bisbilhotar? Saia da minha casa e não precisa mais voltar!”
Fiona saiu calada e ressentida e passou o resto de sua vida observando Arthur pela janela e percebeu que depois do beijo o jovem rapaz saía frequentemente as noites. Até que uma madrugada, o viu saindo com uma mala e pregando um bilhete na porta. Fiona esperou ele partir e foi ler o papel.
“Moradores da vila, eu, Arthur Bluebook, estou partindo, deixo essa casa para vender, alugar ou fazerem qualquer outra coisa. O motivo de minha partida é Isadora, uma prostituta da metrópole que me mostrou o verdadeiro sentido da vida, o amor e a luxúria. Obrigado a todos aqueles que me ajudaram e até breve.”
Fiona não acreditou no que leu. Como ele preferiu uma prostituta ao invés de uma moça pura como ela?
No dia seguinte foi notícia na região: “Fiona Escarlate se joga no rio Neunúfrades”



P.S.: Arthur morreu tempo depois de sífilis.