26 de abril de 2008
Crônicas de uma avó remetedeira*
Ao passar cada relíquia daquela acabou montando um filme de sua vida em sua memória, pois o que ela tinha o tempo censurou algumas cenas.
Viu seus pais, reencontrou suas irmãs e relembrou de seus amigos, releu algumas cartas e algumas faturas antigas, até que encontrou um documento realmente peculiar, sua primeira carteira de trabalho e pode relembrar cenas de sua vida que fizeram-lhe soltar algumas lágrimas, ainda mais quando viu sua primeira fotografia, uma pequena, tamanho três por quatro, preta e branca e já desgastada, lembrou que tirou aos 16 anos de idade e de um outro fato peculiar:
"Estava trabalhando arrumando os fios quando o Senhor Pimpão, o dono da fábrica de tecidos, esse era seu apelido, o nome já não me lembro mais, falou 'Vamos tirar as fotos para a carteira, anda, vamos!' ele era muito engraçado, mas nós queríamos nos arrumar, estávamos suadas, minha sorte é que eu gostava de andar arrumadinha, de brinco e colar, porque Sr. Pimpão disse 'Vamos gente! Não precisa de se arrumar! Quem nasceu bonito sai bonito, quem nasceu feio sai feio mesmo!' foi assim que tirei minha primeira foto, de cabelo escorrido pro lado e um vestido velho."
Depois de rever algumas outras fotos e outros documentos resolveu guardar a velha pasta no fundo do armário e decidiu que não a abriria mais, queria morrer com aqueles bons momentos relembrados, porque se continuasse talvez iria se recordar de algo indigesto.
Ela viveu por mais alguns anos e depois, enfim reencontrou suas memórias.
*remetedeira: cargo na fábrica de tecelagem que preparava os fios para as tecelãs
22 de abril de 2008
A famosa lenda de QUEM?
Pois bem, lembro-me que a última vez que participei dessas coisas, foi há pouco tempo atrás, na verdade foi uma participação involuntária, pois dormindo no mesmo quarto que outras crianças e já de madrugada a única coisa que se pode fazer quando se tem insônia é prestar atenção na conversa dos outros.
Um menino lá, que não lembro quem era, começou a contar a história do homem da padaria, não sei se vocês conhecem essa: fala de um homem de capa preta que entrou na padaria e matou um padeiro (isso faz algum sentido???) mas o fato é que as crianças que estavam lá ficaram realmente com medo! Sim! Medo! Mas vocês devem estar se perguntando,”Como assim?” e eu respondo “Sei lá!” na minha época as lendas eram mais criativas.
O pior de tudo é que sempre nesses lugares chega alguém mais velho, que resolve contar algo que realmente aconteceu, e nesse dia não foi diferente, quem me torturou com uma história foi uma mulher, que também não sei quem era, de uns 20/30 e poucos anos que provavelmente estava solteira e sem nada pra fazer, porque, convenhamos que quem faz isso é carente de atenção, ela contou uma história de que quando era criança, ela foi dormir na fazenda do avô dela e que de madrugada ouviram-se barulhos de correntes e aí viram um homem de branco do lado de fora da casa, até que o avô pegou uma espingarda e foi ver quem era o meliante, e adivinhem só: ele SUMIU! “Oh!” (momento de comoção geral) e no dia seguinte o gado inteiro estava morto. Incrível essa lenda, não? O engraçado é que parece que eu conheço vários netos desse senhor corajoso. E mais engraçado ainda é que esses elementos sublinhados estão sempre presentes.
Espero que quando eu atingir a idade de 20/30 e poucos anos, eu tenha algo melhor pra fazer ou então inventar uma lenda melhor!
E não se esqueçam, a boneca da Xuxa ganha vida de madrugada e arranha as crianças até a morte!
Bons Sonhos!